sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Melhor o silêncio...

"... eu vejo o horizonte trêmulo, eu tenho os olhos úmidos... eu posso
estar completamente enganado, eu posso tá correndo pro lado errado, mas a
dúvida é o preço da pureza e é inútil ter certeza..."*


"... mas nós dançamos no silêncio, choramos no carnaval, não vemos graça nas gracinhas da tv, morremos de rir no horário eleitoral..."**


Gosto desses trechos dessas músicas da banda Engenheiros do Hawaii...  

 * Infinita highway
** Outras frequências



Não sei ao certo o que escrever, estou cansada, tantas coisas para serem resolvidas, sim, minha Marmita está toda revirada. Coisas boas e ruins, é uma sensação de que é muita coisa e que pesam mais de dez toneladas, meus ombros estão caídos... pensei em enumerá-las e, em seguida, estabelecer uma ordem de prioridades, contudo, um certo desânimo me assola. 


Meus pensamentos, só para variar, estão guerreando... preciso ler A arte da Guerra! (Sim, eu ainda não li este livro do SunTzu). A parte que está perdendo é a parte que quer e precisa ir em frente... esta parte tem projetos interessantes, e algumas ideias um tanto quanto desafiadoras, que se colocadas em prática proporcionarão um outro rumo e conteúdo nesta Marmita. A parte que domina a situação, bem esta parte, é bastante cruel... ah sim! Essa parte cruel é conhecida também como o Exército da Sabotagem!


... É melhor ficar em silêncio... 


12:55, Vigésimo terceiro dia do décimo primeiro mês de 2012. 



 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A Marmita abandonada... Parte 1

De acordo com o Aurélio (o Mini Aurélio, uma edição de 2001, da Editora Nova Fronteira, na página 02):

Abandono, substantivo masculino, é o ato ou efeito de abandonar (-se). Abandonar, por sua vez, é, além de um verbo transitivo direto, (começando pelos mais sutis e voluntários dos significados, não é a ordem que está na edição) entregar-se, dar-se;   os outros significados são: desistir de, desprezar, desamparar, menosprezar, deixar, largar.


Pois é! Não sei quanto a você, mas ao menos para mim esse substantivo que se transforma em verbo tem um peso maior. Tanto o substantivo quanto o verbo ... (cursor piscando... é difícil falar sobre isso...)  são termos por demais pesados, difíceis de serem aceitos, difíceis de serem compreendidos... pode até ser que haja alguma compreensão, algum entendimento, mas, convenhamos, essa compreensão e entendimento parecem distantes da realidade do abandono, do abandonar. Talvez caberiam aqui algumas pontuações filosóficas, sociológicas, antropológicas, mas convenhamos, o que eu entendo (?), o que eu sei sobre filosofia, sociologia, antropologia ou ciência? Francamente! Não devo, não posso, e não quero entrar no mérito desses ramos de conhecimento e entendimento da sociedade como um todo, da sociedade enquanto um grande (e deprimente! diga-se de passagem) organismo. Talvez caberiam sim, mas antes de mais nada, antes de todas essas (e outras pontuções que poderão surgir), há pontuações mais importantes - pontuações particulares, individuais! Logo, devo escrever sobre essas, sobre as que eu conheço - (como se eu conhecesse muita coisa, mas enfim!)


Quem ou que você já abandonou? Já foi abandonado (a)? (Aaah sim! Quer saber um detalhe sórdido?! Eu detesto ter que colocar esse parêntese com uma vogal dentro para indicar que me refiro tanto ao masculino quanto ao feminino... mas é importante fazê-lo, eu sei quando escrevo, quero me referir a ambos os sexos, mas o (a) leitor (a) não sabe disso! E, alguns, tem preguiça de entender isso. Tudo bem, não é obrigação de quem lê entender o que alguém escreve. Mas penso que é obrigação de quem escreve se fazer entender! Parece que até nisso o sexo masculino se tem que se sobressair né?! É que nem sempre dá para colocar o gênero feminino primeiro, e ele termina dentro de um parêntese!... ok! Sei que isso é irrelevante - para você, claro! - mas me irrita e eu detesto mesmo!) ... Então, continuando os questionamentos... Como se sentiu ao ser abandonado (a)? Como se sentiu abandonando algo ou alguém?


Penso que essa coisa de abandonar / abandono é inerente ao ser humano, desde o primórdio até o final da existência de cada indivíduo mas, embora seja necessário, é um tanto cruel.
Um espermatozóide tem que abandonar um saco, atravessar um canal, percorrer um túnel "gosmento", "nadar" o mais rápido possível como se  isso valesse sua vida - ráh! Vale uma vida, claro!, depois encontrar uma bolinha solitária, e ultrapassar uma camada um tanto resistente! Eis que há o segundo momento de abandono, a cauda do espermatozóide fica de fora da festinha! Bem, e aí o resto da história já sabemos, depois de alguns meses há um terceiro abandono e, como se fosse um inquilino inadimplente, o serzinho é despejado do local onde foi gerado. Inicia-se então a jornada rumo ao mundo de inúmeros abandonos... sejam eles voluntários ou involuntários...


E no meio dessa "patuscada" toda (patuscada soa mais "bonitim" do que desgraça!) é que vai se formando a personalidade de cada um.
Há abandono material e imaterial, já pensou nisso? Já pensou nas consequências do abandono?

...

17:58, vigésimo dia do décimo primeiro mês de 2012






Colocando a Marmita na rua...


Depois de um tempo meio que no isolamento, de uma vidinha dentro do quarto, entre livros, ácaros, pensamentos e devaneios, é hora de voltar ao convívio social... é hora de encarar a vida real...

"Ah vida real, como é que eu troco de canal?"

Não tem outro canal, não há um controle remoto para dar pausa, ou avançar ou voltar algumas cenas, ou para, simplesmente, desligar quando achar necessário. Seria bom se tivesse, mas não tem... o fato é: aceitar isso e encarar ou não aceitar e ficar à margem, mas esse ficar à margem não é tão simples assim... socialmente falando, não é bem aceitável, digamos assim.

E é fato também ter que encarar a vida real (eu sei, as vezes parece muito surreal), doa o quanto doer... então é isso... é por isso que coloco minha Marmita de volta à rua, de volta ao mundo, de volta à imensidão do mundo... 

16:44, vigésimo dia do décimo primeiro mês de 2012.

domingo, 11 de novembro de 2012

Um pouco de música na Marmita...


Música é uma coisa engraçada... é raro encontrar quem não goste! Eu gosto de música, de muitas músicas. Esses dias comentava com as algumas pessoas uma mania que tenho: faço lista de músicas e as classifico de acordo com o dia da semana, e associo isso ao meu humor. Por exemplo, hoje é domingo, e não estou bem. Faço uma seleção de músicas, denomino como domingo, e se por acaso, lá pela quarta-feira eu estiver sentindo o que estou sentindo hoje serão as músicas da seleção "domingo" que ouvirei.


Hoje, enquanto escrevia, não sei porque, lembrei de uma música e de coisas que aconteceram há mais de dez anos! Senti uma coisa boa... e agora estou ouvindo essa determinada música.


Acho engraçado quando as pessoas dizem "ah, essa música é muito depressiva!" (eu sou depressiva, o que que tem?! Phoda-se!) ou "Nossa! Que música triste!", além disso tem "Credo! Só você mesmo para ouvir isso! Como você consegue?" ... e uma que eu ouço muito e, principalmente da minha mãe, "Peloamordedeus! Essas músicas dão caganeira em cabrito!" (risos)... sim, aquelas lá do tal jiló, daquelas lá de axé, aqueles funks ou pagodes mais nada a ver pode até ser... se bem que, né?! Coitado do cabrito! Enfim...


Tudo bem! É fato! Cada um tem um tipo ou vários tipos de música favoritos. E isso é louvável, a pluralidade é o que há de melhor! Imagina se neste momento eu estivesse escrevendo e ouvindo um tal de "levantou poeira pra cá, poeira pra lá" ou ainda "assassina do papai"?? Não! Pode parar! Não precisa imaginar! Não perca tempo pensando nessas coisas horripilantes! Não! Francamente, até me ajeitarei aqui para continuar a escrita... é que estou pensando numas coisas aqui...

Sandy tanto pulou que quase devastou Nova York,  o Laden ficaria satisfeito com isso!

"...ai! assim você mata o papai!"  - Bom! No mínimo, seria uma pessoa parricida né!?!

"... levantou poeira, poeira, poeira..."   - Pensa! Que trabalheira para limpar isso!

"... meteoro da paixão" - Bem que dizem que uma paixão pode ser avassaladora, nesse caso de meteoro aí, convenhamos, devastadora, diga-se de passagem!

"... agora fiquei doce, doce, doce..." - Aqui eu deveria recolher "à minha insignificância", porque, francamente, depois daquele pudim, não posso ficar zuando essa música! Aaah! Eu posso sim... os diabéticos sofreriam com essa pessoa tão doce!

"... pirou minha cabeça e o coração... feito bola de sabão me desmancho por você..." - Só uma parte que lembro, eu sei que tem até nave no meio disso... lembro dessa música porque foi uma viagem que fiz com amigos, em 2006, e sim, era carnaval! Ao menos o carnaval me proporciona alguns comentários sórdidos, bem... voltando ao que interessa ... "feito bola de sabão me desmancho por você", GENTE!! Desde quando bola de sabão desmancha?! Bola de sabão explode! "pluft" e desaparece!!! Então né?! Acho que tem alguma coisa errada...  AAAAHHH!!!... lembrei de outra e essa eu vou até procurar a letra porque não posso deixar passar! Já que eu comecei, vamos lá...

"... por você bebo o mar de canudinho / atravesso o polo norte de shortinho / entro descalço no vulcão em erupção... faço de tudo pra ganhar seu coração..." - Para começo de conversa, essa pessoa não tem amor à própria vida! Segundo, só uma pessoa muito imbecil para acreditar nisso né?! "Aaah! É uma declaração de amor!" Declaração de amor?? Putz!!! Para mim está mais para declaração de óbito do que qualquer outra coisa... pulando a parte geográfica e inóspita da história, passemos à parte biológica da coisa! "faço de tudo para ganhar seu coração!" ... precisando de transplante?! Entra na fila,"filho (a)"!!!


Francamente!!! Melhor parar antes que eu escreva um artigo sobre essas letras assaz "filosóficas".


E voltando ao início do texto, a música que gosto muito e estava ouvindo...
Black - Pearl Jam





08:31, décimo primeiro dia do décimo primeiro mês de 2012

Livros, pudim de açúcar e ... 2

Escreverei este por uma questão de honra - apenas para terminar o que comecei! Estou numa mistura de irritação e tristeza. Mas vamos lá, não ficarei aqui me lamuriando por isto! Afinal, agora, pouco mais de cinco da manhã, é manhã de domingo! E manhã de domingo por si só já é uma chatice! Ao menos eu não gosto de domingo! Acho um dia chato, que passa rápido demais, e só serve para aumentar a ansiedade já existente que divide "as águas" entre final e início de semana!

(tem um bicho chato voando aqui no quarto, parece um besouro, só ouço o zunido dele e ele batendo nas paredes, tentei achá-lo mas não o vi, minha visão está um pouco turva, sei lá... mas continuando o texto...)


Então, como eu escrevera, fui à livraria em busca da gramática, mas como não lembrava o nome do bendito autor, não pude comprá-la. (Agora eu sei que o autor é filho de uma vaca! (risos) Ai! Eu sou péssima! Hoje - ontem, sei lá - estava numa rede social e li um comentário sobre caminhada e tal, comentei o que achei pernitente e tal, aí durante o banho comecei a rir porque lembrei da piadinha infame: "você caminha, ele caminha, até Pero Vaz Caminha!" (¬¬) (risos), eu sei! Muito infame! Mas achei engraçada e eu ri sozinha embaixo do chuveiro! Tenho disso no meio das minhas crises! Uma marmotice! Aaaah... claro! Depois tenho que escrever sobre o fato de eu ser uma marmota! Enfim... retomando o texto...).


Enquanto a vendedora procurava um dos livros que eu queria, eis que vi uma pessoa no balcão, fiquei olhando para a pessoa, paralisada, e eu pensei "e agora, o que eu faço?" Criei coragem e a chamei pelo nome. A pessoa virou e me cumprimentou, sim e eu estava sem graça. Nos meus momentos de crise não gosto de encontrar pessoas conhecidas, não gosto de falar com elas, e naquele dia (sexta-feira, 09/11) já era a segunda pessoa conhecida que encontrara. Aquelas formalidades e tal. Aí a pessoa pediu um instante para mim e disse que iria ver uns livros, chamou a vendedora e começou a falar com ela. Ao mesmo tempo que achei aquilo um insulto à minha pessoa - senti que estava sendo ignorada -, fiquei bastante aliviada e voltei ao lugar onde estava. Foi uma contradição estranha. (Pois é! Desde quando contradição não é estranha?? Eu sei, mas aquela era mais e não tenho palavras para descrevê-la!) Sentindo um desconforto absurdo, comecei a andar pelos corredores, passando pelas estantes procurando sei lá o que. Geralmente, quando faço isso, andar por entre estantes de livros, fico atenta aos nomes dos mesmos, puxo um ou outro que me chama a atenção. Estava péssima! E só conseguia andar feito barata tonta! A sensação desmaio voltou depois de algum tempo sem aparecer. Olhava para a pessoa no balcão e não sabia o que dizer! Eis que vi alguns livros do García Márquez, escolhi dois e voltei ao balcão, a vendedora tinha encontrado o livro que eu queria (não, não foi a gramática!).


Escolhi um livro do García Márquez, fui ao caixa e paguei pelos dois. Voltei ao balcão para despedir da pessoa.  A informação é desnecessária, mas essa pessoa já estava comprando presentes de natal! Meu estômago pareceu dar um nó! Olhei no celular, eram 16:14! Me despedi e fui ao consultório do psicólogo. Estava há alguns metros e (dúvida desgraçada agora, não sei se é "a" ou "há", bom, considere o que for certo, não vou interromper meu processo de criação por causa de uma dúvida dessas... depois resolvo isso!)... então... eu estava próxima ao consultório e faltavam ainda 08 minutos, estava com sede. Entrei numa lanchonete e pedi uma garrafinha de água. Ao me virar para ir ao caixa, eis que vi o pudim! Que pudim! Que pudim bonito! (pensei numa pessoa que gosta de doce e disse mentalmente "comerei este pensando em você, acho que você gostaria de comer um pedaço também!")...

- Moça, me dá um pedaço de pudim, por favor?
- Vai levar ou comer aqui?
- Comerei aqui...

Que bonito o pudim! Parecia macio, fresquinho, tinha "cara" de ter sido feito poucas horas antes e estava ali só me esperando! Minha boca estava cheia d'água! Sim, bebi meia garrafa d'água (o tal bicho voador voltou! Que coisa chata!) ... E na primeira "colherada" de pudim percebi que tinha algo errado... "huum! Está doce! Mas deve ser a calda!" ... comi mais dois pedacinhos e já estava muito doce, mais dois pedacinhos e mais doce ainda... se eu fosse diabética teria entrado em coma ali mesmo! Que pudim doce! Parecia mais uma tonelada de açúcar do que qualquer outra coisa!  Se eu soubesse não teria pedido, comi tudo! De fato estava macio e parecia ter sido feito naquele dia. Ah sim! Você deve estar se perguntando aí "Mas pudim não é um doce?!" Sim... pudim é um doce! Mas não tão doce daquele jeito!!! Argh!



Quase desmaiando de tanto "sangue na glicose", fui ao psicólogo. Saindo de lá encontrei mais duas pessoas conhecidas! Voltei para casa... que alívio estar de volta à segurança do meu quarto!

06:39, décimo primeiro dia do décimo primeiro mês de 2012.

sábado, 10 de novembro de 2012

Livros, pudim de açúcar e ...

Pois é... mais uma sexta-feira que chega ao fim. Apesar de muitas coisas na minha mente, há um pensamento um tímido - "Ana! Que bom! Hoje seu lado bom venceu!" E olha, vou dizer uma coisa, essa vitória não foi fácil! Controlar a vontade não é fácil... mas tinha gente em casa e não tinha como fazer, respirei fundo, fiquei sentada um pouco na cama, pensando, pensando, e pensando mais um pouco, eu precisava sair e definitivamente não tinha outra opção, já sou bem gradinha para ficar nessa "birra". Fui ao banheiro, lavei o rosto e olhei no espelho, pensei no blog, há praticamente três dias que não escrevo! "Ana! Francamente, esperava menos de você! Quase nada né?!"... peguei a bolsa e saí, "vou ao centro", disse à ela. Estava "chuviscando", respirei fundo outra vez e dei um passo para fora, fechei o portão e segui pela calçada. Subi a rua, olhei para trás, que vontade de voltar correndo, mas não poderia fazer isso, "Ana, você é uma mulher ou um saco de batatas?!" Sinceramente?! Optaria pelo saco de batatas naquele momento, ao menos eu desceria a rua de uma forma beeeem mais rápida! Eis que pensei: "concentre-se! Hoje você pode ter material para publicar!"  ãh! E não deu outra! Felizmente o ônibus chegou rápido e eu não desisti de ir. Não precisei nem sair do perímetro do bairro para começar a armazenar informações, digo, situações para escrever sobre.


(lembra de quando o cursor fica piscando por mais de dez minutos? Pois é! O cursor estava piscando desde de ontem, cheguei até ali, "situações para escrever sobre" e não dei conta mais de escrever, travei!! Fiz muitas outras coisas e nada de dar conta de escrever, as palavras simplesmente não saíam... voltei agora - início da noite de sábado -  para terminar este texto)


O trânsito aqui não é caótico, não há motivos para ser, o problema são os motoristas, eles pensam que a rua é só deles, cada qual em seu carro ou moto, pensam que estão sozinho na rua e pronto! Pensam que podem fazer o que bem entende! Sinceramente?! Ainda bem que eu não sei dirigir! 

Alguns pontos de ônibus depois:
- Ele vai virar ali na avenida? (gritou uma passageira em tom de voz áspera)
- Acho que não! (respondeu a cobradora, tranquila)
- Você acha ou tem certeza? (perguntou a passageira, irritada)
- Se a feira já tiver ali, não vai virar. Vai subir direto. Se a feira não tiver, vai virar. (respondeu a cobradora, séria)
- Ôh desgraça! Já começaram a montar essa porcaria, devia ter descido... (o ônibus continuou subindo a rua, enquanto a mulher "elogiava" a vida!)
(confesso que dei a primeira risada do dia, mas foi uma risadinha interna, sarcástica, "pois é! Leis de Murphy! Deveria ter descido mesmo!" pensei!)
E o silêncio dentro do ônibus foi quebrado outra vez pela voz áspera, irritada, esganiçada da mulher...
- Motorista! Aqui não tem um ponto de ônibus não?! Eu dei sinal!
- O ponto é ali em cima... (respondeu uma senhorinha, rindo)
- O ponto é aqui... (respondeu o motorista, também irritado, parando o ônibus)
- "Vô falá" esse povo não tem educação não! (continuou reclamando a mulher ao descer do ônibus)
 - Hoje não "tô pá" pobre! (disse a cobradora com uma voz engraçada e continuou) ... será que ela não queria que deixasse ela na casa dela não?! Tem gente que acha que estamos por conta mesmo, né?!
(eu ri outra vez, ao ver a expressão de indignação dela...)
- A vida é assim mesmo, minha filha! (respondeu a senhorinha com um sorrisinho calmo)


(Penso que a Marmita daquela mulher estava bem azeda!)



Continuamos o percurso, fiquei olhando pela janela o céu cinza, carregado de nuvens, que cobria aquela tarde triste...
Cheguei ao centro, olhei para o céu outra vez, e o mesmo parecia que iria desabar... as pessoas andavam apressadas. A angústia voltou a me dominar, a vontade de voltar para casa aumentou, comecei a apertar as mãos enquanto tentava caminhar rápido também, entrei numa rua sem movimento, para meu alívio... tinha movimento, mas só de carros, e como eu estava na calçada não tinha problema... fiz o que tinha que fazer, e voltei ao centro "nervoso", ainda faltava alguns minutos para ir ao consultório do psicólogo, ele tinha marcado comigo às 16:30.



A chuva desabou e tive que comprar um guarda chuva ali mesmo, de um vendedor ambulante que gritava "Aqui é dez, lá é quinze! Olha a chuva! Aqui é dez, lá é quinze!" (a voz dele era engraçada, com um sotaque que eu não consegui identificar... essas situações me fazem perceber a vida de outra forma, depois volto a falar sobre isso)... entrei numa lanchonete, eu tinha que fazer alguma coisa para controlar aquela angústia... comer naquele momento era uma opção, pedi um pastel e um suco de limão. Preciso de fazer uma observação aqui, fazer justiça para aquele suco de limão: QUE SUCO DE LIMÃO!! É simplesmente o MELHOR suco de limão que eu já tomei... todas as vezes que posso, passo por lá para tomar aquele suco! Pensei na livraria e nos livros que eu queria, a chuva parou depois de uns dez minutos... então caminhei até lá com meu novo guarda chuva de dez reais (que durará até a semana que vem, mas enfim...).


Cheguei à livraria, que alívio! Estar entre livros definitivamente é uma das coisas que me acalma... são tantas palavras... tantos pensamentos transcritos em páginas e mais páginas, nas mais diversas formas... estar entre livros, para mim, é o mesmo que estar entre várias pessoas falando todas juntas e no mesmo instante (numa condição física impossível, impensável) mergulhada num silêncio absoluto! É uma contradição que existe na minha mente.


As vezes eu me supero e penso "não, você não fez isso!"... mas, sim, eu fiz! E me sinto uma completa e grande idiota! Eu quero (e preciso) comprar uma gramática. Pois bem, era para eu comprar a gramática e outros dois livros. Quem disse que eu lembrava o nome da gramática ou o nome do autor?! Como é que numa livraria com não sei quantas centenas de livros eu vou encontrar um livro sem saber o nome do autor ou do título, só sabendo como é a capa do livro?! A gramática ficou para a semana que vem, mas comprei  outros dois livros... depois comento sobre eles... estou cansada e não consigo terminar este, já faz quase duas horas que recomecei, o texto está grande, massante... e eu ainda nem contei das pessoas que eu encontrei e nem contei do pudim de açúcar. Estes ficarão para o próximo post.


20:53, décimo dia do décimo primeiro mês de 2012.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Sobre a Marmita de outras pessoas...

Hoje é um dia muito importante para um amigo, é a defesa da monografia dele. Eu já deveria estar me arrumando para sair...
Outro dia foi aniversário dele e eu não estive presente.


Dias atrás, outro amigo, pessoa também importantíssima na minha Marmita, que já contribuiu muito para que ela ficasse cheia de coisas boas, viajou para fora do país, e se tudo der certo (e eu torço para que dê certo sim!) ele ficará por lá, por dois anos! Dois anos sem eu ver meu grande amigo! Não  fui ao "bota fora" dele!

Uma amiga também viajou, meses atrás, para um país aqui da América do Sul. Felizmente ela está mais perto, e voltará ao Brasil em Janeiro próximo. Não fui à festa de "despedida" dela.


Estes são só alguns exemplos de pessoas da minha convivência que seguiram com suas Marmitas e eu não estava lá, eu não estava lá com alguma justificativa. Não justifiquei minha ausência (tudo bem, não se trata de um processo eleitoral e eu não perderia meu título... mas enfim...), não dei satisfação, não liguei... por vergonha, por falta de ânimo, por não estar bem, por entre outras coisas que essa maldita doença provoca...


Minha Marmita não é mais importante do que a deles, não é mais importante do que a Marmita de outras pessoas que também já deixei ir embora sem fazer nada... elas se foram porque não abri minha Marmita, não dividi com elas o que tinha lá dentro.


O que eu quero dizer é que não foi por relapso...  talvez fosse mais fácil encarar se fosse por relapso, talvez eu não estaria nem aí, e não estaria nesta angústia que me devora desde o momento que acordei. O que quero dizer é que as Marmitas dos outros também são importantes. E esses outros, pessoas que eu estimo e prezo, tem espaço garantido à minha mesa. Mas, estou num momento ruim. E gostaria que entendessem isso, mas que entendessem de verdade, como as coisas são e não como aparentam ser. Não tem frescura minha Marmita hoje. Tem sim muita angústia por eu ainda estar aqui escrevendo este e com medo de não conseguir sair.

...

...tem um jeito de sair de hoje, mas amassaria a Marmita. E, sinceramente, é o que farei... amassarei a Marmita e não os abandonarei mais...


12:48, sexto dia do décimo primeiro mês de 2012.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O que tem na minha Marmita hoje?! Parte 2

Francamente!

"...
Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
... "  Tabacaria - Fernando Pessoa*


Este trecho do poema Tabacaria, de Fernando Pessoa, expressa bem o que tem na minha Marmita hoje.


As vezes montamos a Marmita de forma equivocada... tudo bem!, talvez seja equívoco da minha parte dizer "equivocada". As vezes montamos a Marmita de acordo com o que nos é oferecido. E não é todas as vezes que sabemos organizá-la de um modo correto. Nossas experiências nos conduz a caminhos, a rumos inesperados e temos que nos adpatar a eles porque não temos a opção de sentar à beira da estrada e esperar. Se bem que, em alguns momentos fazemos isso... bom, eu sento muita das vezes... sinto-me bem cansada! Estou cansada... sinceramente não sei dizer se estou sentada ou se ainda continuo na caminhada... devo estar delirando, só pode!


Quando escrevi "hoje", não quis dizer hoje (cinco de novembro de 2012), quis dizer nos últimos dias, nas últimas semanas...

Na minha Marmita tem muita decepção, tristeza, coisas para serem definitivamente esquecidas, tem coisa boa também, contudo, há um ingrediente que estragou o conteúdo dessa Marmita, o fracasso. Sim, hoje, dentro dela tem uma coisinha chamada depressão ...

Francamente... eu disse que os textos que comecei a escrever eram uma desgraça... e esse aqui não fica por menos... QUE DESGRAÇA!!!


Fiquei olhando o cursor por mais de dez minutos, tenho essa mania, depois de dez minutos eu volto a escrever... e optei por não apagar o que escrevi acima... a quarta tentativa de escrever e ráh! Vai assim mesmo!


Falar sobre depressão é até fácil, para quem não sabe o que é depressão! Não gosto muito de falar sobre este assunto quando estou no auge das crises porque fica massante, fica chato, e não tem tanta graça. (Ah! Eu acho engraçado sim falar sobre minha depressão! Quando não estou como estou agora, claro!) E é por isso que vou parar o texto por aqui... hoje, definitivamente, não é um bom dia para escrever sobre o que há dentro da minha Marmita. Você, leitor (a) que não sabe o que é depressão, ficaria horrorizado (a)! E já que isso aqui não é cenário de nenhum filme trash, ou trecho de livro do Stephen King, tão pouco cenário daquele parque lá no interior de São Paulo, convém que eu pare!


*Fonte: PESSOA, Fernando. Quando fui outro. Rio de Janeiro, Objetiva: 2006, p.13-14.

15:29, quinto dia do décimo primeiro mês de 2012.

O que tem na minha Marmita hoje?! Parte 1

Não "tô dando conta de escrever"! Pois é, sou mineira, e como boa mineira, não é que eu não consiga, eu "não dou conta" mesmo! Enfim... vamos ao que interessa!

Hoje está difícil escrever, mesmo com muitas ideias, mesmo com várias reflexões. Sim! Eu penso muito e ajo pouco!  Ontem passei o dia e a noite sem fazer coisas úteis, tentei e não dei conta de escrever (ah! O texto é meu, colocarei aspas quando julgar necessário e quando eu fizer citações!), comecei então a refletir sobre a utilidade deste, será útil para quem?! Sim, porque assim, não escrevo sobre política, não escrevo sobre educação, não escrevo sobre filosofia ou sobre moda... E eis que veio o pensamentozinho egoísta de cada dia: "útil para mim, oras! Para quem mais deveria ser?" Além do pensamento egoísta, veio também o pensamento: "isso é muito idiota, francamente!".


Bom, egoísta e idiota, pode ser, que seja! Mas, criei este com o intuito de manter minha mente e mãos ocupadas, visando não fazer outras idiotices - isso não vem ao caso agora!


Hoje, comecei a escrever... comecei três textos, foram para o lixo! Sem graça demais, aliás, uma desgraça (adorei escrever desgraça! É que eu não dou conta de ficar xingando, então eu não falo "QUE DESGRAÇA!" - risos - sinto que colocarei muita desgraça nesta Marmita!), como preferir, dá na mesma! Gosto de redundâncias, embora sejam desnecessárias em alguns momentos.
 
 
 
Voltando à reflexão sobre a utilidade deste, não me preocuparei com isso. É que lembrei do Brás Cubas
"... Mas eu ainda espero angariar as simpatias da opinião, e o primeiro remédio é fugir a um prólogo explícito e longo. O melhor prólogo é o que contém menos coisas, ou o que as diz de um jeito obscuro e truncado. Conseguintemente, evito contar o processo extraordinário que empreguei na composição destas Memórias, trabalhadas cá no outro mundo. Seria curioso, mas nimiamente extenso, e aliás desnecessário ao entendimento da obra. A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus." - Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis.
 
 
13:37, Quinto dia do décimo primeiro mês de 2012.

domingo, 4 de novembro de 2012

Marmitas diversas...

Só para variar, inicio mais um dia sem ter conseguido dormir. Só para variar, minha mente está em completa desordem. Só para variar, não sei o que ou como escrever. Mas preciso escrever, preciso organizar essa Marmita.


Quando isso acontece fico olhando o cursor piscar por algum tempo, geralmente passa de 10 minutos, e então não aguento e começo a escrever "Estou olhando o cursor piscar há mais de 10 minutos...". Óbvio, hoje não foi diferente.


Eu até sei sobre o que escrever, mas a não-organização das ideias soltas me impede de ir em frente.


Sei que há milhões e mais milhões de Marmitas por aí, algumas com muito, outras com pouco ou praticamente nada para preencher o interior das mesmas. E é essa diversidade  de Marmitas é que move o mundo, é ela que move a capacidade humana para algo construtivo e importante. É essa diversidade que nos traz algo que conhecemos como "esperança".


Encontramos "esperança" quando abrimos a tampa da nossa Marmita e alguém consegue enxergar alguma coisa que temos lá dentro.
Encontramos "esperança" quando compartilhamos nossas Marmitas sem medo de que algo seja pilhado, sem medo de perdermos algo com tal compartilhamento. 


As vezes sentimos tanta fome, fome de saúde, fome de esperança, fome de uma vida diferente, fome de afeto, fome de carinho, fome de reconhecimento, fome de atenção, que voltamos a tampar a Marmita por medo de ter que dividir aquele "pouquinho". 


E, de maneira inesperada, alguém senta ao lado e pergunta "O que tem na sua Marmita, hoje?". A primeira reação é arregalar os olhos, depois curvar-se sobre a Marmita e, em seguida, gaguejar... "na na na mimimminha nada, popopor que?". "Ah! Eu pensei que poderíamos fazer uma troca..." e aí os ombros ficam levemente relaxados. "Ah! Entendi!" e os ombros voltam a tensionar outra vez "mas por que me perguntou sobre o que tem na minha Marmita?" - é o início do diálogo interior e mais uma batalha de tormentos recomeça. Quanta dificuldade, gente! Por que tanta dificuldade?! Sim, é compreensível,  uma vez que temos nossa Marmita roubada, é difícil considerar que não seremos roubados outra vez.



Seria bom aprender a sentar à mesa, colocar as Marmitas sobre ela e abrir as tampas. É uma boa maneira de conhecer as diversidades das Marmitas e uma boa maneira de reencontrar o que há muito foi perdido, a "esperança".



Tentei colocar algo nutritivo na Marmita de hoje, mas só coube devaneios.

08:20, quarto dia do décimo primeiro mês de 2012.

sábado, 3 de novembro de 2012


Mergulho na insensatez escura dos pensamentos
afogo nas idéias que levam ao longe
minhas palavras sufocam os olhos
e não posso contê-las
as decisões embaraçam diante da certeza do próximo dia
quão injusto é feri-lo?
quão injusto é não querer permanecer
quando asas despedaçadas tentam voar?
A quem devo devotar honra e força?
Sim... exalar sorrisos às distâncias incompreensíveis
apenas para satisfazer os desejos alheios
quando os lábios suplicam para ficarem cerrados.
 

Culpa?
Poupe-a.
Simplesmente um substantivo feminino que chantageia emoções
Egoísmo?
Talvez.
Quão é mais forte que os demais?
Dúbio.

 
Putrefação inevitável
Palavras de enjôos
e desespero por pensamentos e vontades acuadas sob a lua
Questionamentos ...
respostas ausentes da minha capacidade de compreensão
e, obviamente, falha no que cerca.
 
Quão distante é o lugar de paz imaginária?
Quão distante é "Shangri-lá" que absorve os devaneios que corromperam a inocência?
Quantos adjetivos, substantivos, números, advérbios, verbos e locuções?!?!
Quanto tempo flutua à frente das pupilas apáticas do meu ser?
E jamais encontro o segundo de libertação
 
Sem o frenesi de manhãs tranqüilas
A insônia é companheira fiel
E em vão, tento outra vez
Deixar claro a expressão e cor dos verdadeiros sentidos que fantasmagoricamente
Insistem em carregar meu peso nos braços.

Ana F., Janeiro de 2006.


 
Estava procurando alguns textos e deparei-me com os versos acima. Escrevi esses versos há mais de seis anos,  durante uma das inúmeras madrugadas de inquietação, e francamente, ainda continuam atual...  infelizmente!


Haja Marmita para tantos devaneios!
 

 18:18, 03 de novembro de 2012.
 

Final de semana...

... e minha Marmita bagunçou!



Escrever, cozinhar, ler, falar e ouvir, são coisas que gosto de fazer. Não necessariamente nesta ordem. As vezes, quando estou escrevendo dá vontade cozinhar. Quando cozinho, sinto vontade de escrever sobre o que estou cozinhando. E quando escrevo sobre o que cozinhei dá vontade, e sinto necessidade, de ler sobre como cozinhar.
Gosto de cozinhar e escrever ouvindo música.  Agora, por exemplo, estou ouvindo uma "seleção" de sete músicas (02 da banda INXS, 04 do Mick Jagger - trilha sonora de um filme - e 01 da banda Pink Floyd).

Ler, cozinhar e escrever são atividades um tanto quanto solitárias. Mas, são fantásticas. Para mim, são momentos de liberdade. Tenho o controle da situação! Aliás, tenho o "controle" (entre aspas mesmo), porque não são atividades para serem feitas de qualquer jeito, ao contrário de ouvir e falar. Estas, até debaixo do chuveiro, conseguimos fazer (claro, quando há interesse em fazê-las!).



Gostar de uma coisa não significa ter facilidade para fazê-la. Tenho dificuldades para ler, para escrever e para cozinhar. Sabe, é tudo metódico, não se pode fazer de qualquer jeito. Exige concentração! Demanda esforço e tempo! Ah! O tempo! Eis aqui um fator de extrema importância! O tempo!


Gosto de escrever, mas não me obrigue a escrever! Não sai nada! Eu travo!
Gosto de ler, mas não me obrigue a ler! Olho as páginas, linha por linha, e não consigo absorver nada do que está escrito. As palavras não fazem sentido... ficam dançando e fazendo careta para mim!  Francamente, é um absurdo!
Gosto de cozinhar, mas não me obrigue a cozinhar! Vai "desandar"! Ficará sem sal ou muito salgado, faltará alguma coisa... e não sairá dentro do tempo estipulado! Eu já me obriguei a cozinhar! Ficou péssimo! Francamente, não sei como fui capaz de cometer tamanha atrocidade, além do desperdício de ingredientes, "mas enfim"...


Cozinhar, ler e escrever exigem também disciplina. E se tem uma coisa que não tenho é disciplina! Apesar de ser um "saco", eu sei que é importante termos disciplina. Por exemplo, se eu tivesse disciplina não estaria por aqui agora, estaria fazendo uma coisa que julguei sei importante, mas isso não vem ao caso agora... O que eu quero dizer é que ler, cozinhar e escrever é difícil, pode parecer difícil a princípio (e é difícil! Quem diz que é fácil não sabe cozinhar, não sabe escrever e também não sabe ler! Desculpe-me mas é fato! Ou então sou bem ignorante em tais assuntos...), mas se gostar, ficará mais leve, apesar da disciplina exigida para tal. Eu sou bem relapsa! Não tenho disciplina... se tivesse teria feito um roteiro para escrever este texto. E se tivesse feito um roteiro, com certeza, nada disso teria sido escrito! As vezes é bom não ter disciplina! (risos)


Escrever, ler e cozinhar são atividades que me ajudam a organizar e preencher minha Marmita diária!

E hoje eu preciso ao menos escrever ou chutarei para longe minha Marmita!  Se eu for cozinhar terei que sair para comprar alguns ingredientes e, definitivamente, hoje eu não coloco os pés na rua. Ler?! É uma opção, mas ficaria com vontade rasgar todas as páginas.
 
Logo, escrever é o que há de mais justo para o momento! (Mesmo que eu saiba que não será tão bem escrito assim!)


Ah sim! E por falar nisso, eu não escrevi sobre "falar". Hoje não tem com quem eu falar e também não sei quero falar com alguém. Enfim... a ideia de hoje é escrever e depois fechar Marmita!


16:49, 03 de novembro de 2012.

Uma pedra no meio da Marmita...

"No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.


Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
 

Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra 

Tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra. "
Carlos Drummond de Andrade*



Geograficamente falando, pedra é um fragmento de rocha (seja ela sedimentar, metamórfica ou ígnea). E há pedra em tudo quanto é lugar... e serve até para designar algumas pessoas "você é uma pedra no meu sapato!" Francamente, se alguém disser isso a você, considere-se, primeiro, como uma pessoa bem, bem, mas bem, idosa mesmo. Depois, sinta-se um pouco forte! (Rochas mais novas, se me lembro bem, devem ter poucos milhares de anos, depois corrigo essa informação!). Apesar daquela "carinha" de inocente, uma pedra pode não ser tão inocente assim.

 
 ... uma pedra no sapato , uma pedra no feijão... "uma pedra no meio do caminho"...

Está andando e, de repente, começa aquele incômodo no pé, geralmente esquerdo (comigo é só no pé esquerdo! Que sina!), e não pode parar por que já está "em cima da hora"! E ela fica lá, parece que a cada pisada no chão ela vai aumentando de tamanho, como se fosse uma mutação genética  ocorrendo ali mesmo, dentro daquele sapato suado! (Obviamente que essa mutação só ocorre na minha mente, uma vez que pedras são desprovidas de material genético! Só para esclarecer!)


Já "encontrou" uma pedra enquanto comia feijão?! É uma sensação horrível! E por mais que lave a boca, aquela sensação estranha continuará por algum tempo e o feijão ficará de lado. O apetite sai correndo e não sente mais fome por um bom tempo.  Ao menos é assim que acontece comigo quando "trituro" , de maneira involuntária, uma pedra que ficou escondida, camuflada, na hora em que estava "catando" o feijão para cozinhar.


Outra vez andando, mas agora, de maneira despercebida e, involuntariamente, chuta uma pedra grande?! "QUE DESGRAÇA!" dá vontade de xingar né?! Eu nem xingo, costumo levar a mão à boca, meio que na intenção de morder os dedos e começo a exclamar bem baixinho "putaquepariuquemerda!" (Ah sim! A marmita é minha e eu posso colocar dentro dela a 'putaquepariu' sim!)


Há também as pedras que servem de alicerce, base para construções e tal. Essas aí podem até ser que sejam "boazinhas".


Pois bem, há pedras e pedras na Marmita de todo mundo. E as vezes não sabemos como lidar com isso, não sabemos como tirá-las do nosso caminho, não conseguimos evitar que entrem em nossas Marmitas, e quando percebemos elas já estão lá incomodando, nos ferindo de algum modo e até deixam de ser substantivo para transformar-se em adjetivo (infame, claro!).


Contudo, pedras são fragmentos. E sendo fragmento é mais fácil de mover do que se fosse para mover a rocha inteira.
Encontraremos pedras pelo caminho, encontraremos no feijão, encontraremos pedras no sapato, encontraremos pedras na rua ou em casa. Mas, podemos tirá-las do caminho e não mais permitir que nos incomode. Se não conseguirmos sozinhos, poderemos pedir que alguém nos ajude. Não se deixe abater pelas pedras que surgiram e que surgirão pelo caminho!  Você é mais forte que um fragmento de rocha, mesmo não tendo milhares de anos. Você é mais forte porque tem o poder de decidir se quer ser pedra ou se quer ser livre de ser pedra!


04:37, terceiro dia do décimo primeiro mês de 2012.


*Fonte: http://www.jornaldepoesia.jor.br/drumm2.html

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

"... eu desorganizando posso me organizar..." (Chico Science e Nação Zumbi)


Gosto muito deste verso. E no momento,  ele é muito bem vindo à minha Marmita.


Depois de momentos beirando o abismo da insanidade numa noite quente, e horas de uma prosa despreocupada com obrigações gramaticais,  as horas silenciosas da madrugada trouxeram um pouco de calma à mente inquieta. 



"Da lama ao caos", é uma música de cunho econômico, social  e cultural. É assim minha interpretação. Contudo, quando eu posso desorganizar para me organizar, isso também me remete ao cunho psicológico. E é por isso que hoje esse verso cabe na minha Marmita.


As vezes, minha mente fica tão bagunçada que não sei como é possível eu ainda manter uma certo raciocínio lógico (bem! Eu penso que meu raciocínio está sendo lógico no momento!).

Já viu quando a marmita cai e a comida fica toda revirada?! Tudo sai do lugar ou acaba por esparramar pelo chão - "marmitinha quando cai, se esparrama pelo chão..."  - Pois é, minha mente estava assim algumas horas atrás.


Contudo, se tiver um pouco de paciência e sagacidade é possível organizar a comida dentro da marmita outra vez. Assim acontece também com a mente em desespero.  Tudo parece ficar fora do lugar. E então eis que aquele comentário "é do caos que surge a ordem" faz todo o sentido. Tudo precisa ficar revirado mesmo. É importante que isso aconteça! Só assim poderá perceber as coisas inúteis. Só assim para aprender a separar as coisas, para organizá-las. Isso parece clichê?! Pode parecer, mas há pessoas que até hoje ainda colocam a salada junto ao arroz e ao feijão. Tem gente que até hoje não sabe que a salada deve ficar "num" recipiente separado.

Mas não se preocupe, agora que estou aprendendo a separar a salada dos pratos quentes, ainda faço uma bagunçada danada na hora de arrumar a marmita!


07:42 da manhã, 02 de novembro de 2012.

Marmita CotidiAna?!

Quem carregou (ou carrega) uma marmita, quem ficou (ou fica) perto de quem carrega marmita? 
 

Já utilizou transporte coletivo? Seja ônibus, trem, metrô, van e afins... enfim... Pois bem!
De manhãzinha, lotação máxima, e um descuido, pronto! Cenário perfeito para a marmita imperar dignamente no espaço e no ar - algumas pessoas procurarão saber, de forma discreta ou não, de quem é a marmita. E, convenhamos!, uma vez que o aroma dissipa no ar, francamente, não há mais como contê-lo.


Sim! Eu já carreguei marmita, já passei por esse "constrangimento" cômico! E já estive ao lado de pessoas que também carregavam marmitas. É a vida cotidiana!


Alguns muitos minutos atrás estava sem nada para fazer, "zanzando" numa rede social, dialogando com uma pessoa e então surgiu a ideia de criar um blog. Faz tempo que penso em criar um espaço para organizar e compartilhar meus devaneios. Mas faltava coragem e ânimo! De repente, dessa conversa surgiu o ânimo e a coragem! (Mas é necessário fazer um parêntese aqui - até para criar um blog há burocracia! Francamente!) Para não desanimar, deixei a burocracia de lado e vim logo escrever! Sei lá como isso vai sair; depois, se tiver como, eu arrumo. Caso contrário, vai assim mesmo... dissipando o "aroma" do desânimo. (risos)


Ah é! Você deve estar se perguntando "ah! E esse nome? De onde tirou isso? Por que Marmita Cotidiana?" (Se é que você ainda está por aqui, mas enfim...). Já tinha esse nome em mente há muito tempo, justamente pelas aventuras que passei / passo utilizando transporte coletivo.

Quem utiliza transporte coletivo compartilha muitas coisas, querendo ou não, sabendo ou não, aprovando ou não, sendo engraçado ou não... e todos compartilham a ideia da marmita!


Uma marmita pode conter, ou não, uma quantidade significativa de comida. Geralmente, fica tão abarrotada de comida que a tampa chega a suar! (Francamente! Óbvio que não né?! A tampa sua porque a comida está quente... coisas de física e química que não vem ao caso agora!) Arroz branco (raramente, integral), um pouquinho de feijão (porque não gosto, mas faz bem ao organismo), ovo frito (meu colesterol agradece!) e muitos devaneios... as vezes é assim que fica minha Marmita Cotidiana. E a sua, como é?!

(É hora começar a preparar a Marmita de hoje, são 05:45 da manhã, do segundo dia de novembro de 2012.)