sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Quebrando... queimando...

"Craque" ... é este o barulho que faz?!

10... dez...

Seis ou sete... 6 ou 7 ...

não sei...

"faça algo por mim... cuide de você..."


Quebrando, queimando... queimando o silêncio
quebrando o silêncio
transformando ligações em fumaça
transbordando em pensamentos loucos
caindo em espiral num precipício em silêncio

afastando... fugindo... correndo...
desligando...

quebrando...
quebra
pedra
deslizando numa superfície louca
pesadelos constantes
acordados num giro
"craque" é este o barulho que faz
e a mente fica vazia
e a mente corre
e a mente mente
e a mente foge
e a mente cai
e a mente gira
e a mente mente
e a mente não descansa
e a mente não satisfaz
e a mente quer mais
e a mente degrada
e a mente corrompe
e a mente sufoca
e a mente paira
e a mente não para
e a mente não contente
e a mente desmaia
e a mente fica vazia
e a mente fica cheia de fumaça
e a mente sem ar cai
e a mente não descansa
e a mente foge
e a mente foge quebrando o que vê
e a mente foge queimando o que vê
e a mente foge correndo o que vê
e a mente abandona
e a mente não dorme...


05:41, décimo oitavo dia do primeiro mês de 2013

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Inverno tardio


O rodar da maçaneta permitiu acessar as flores de outono
perdidas entre diversas folhas da primavera
A lua de todas as estações escondeu atrás da mais sem graça estrela
Pássaros desiludidos não aqueciam mais sob o sol
Ao longe ouvia-se as sorumbáticas canções de ondas marinhas
E nada poderia impedir a admiração de tal espaço
Flores de outono e folhas perdidas
ou seriam as flores perdidas entre sol oculto e lua covarde?
E as mesmas letras que trouxeram cor aos dias
descoloriram aceleradamente as paisagens ilusórias
Um mergulho entre as tristes canções, entoadas ao longe,
permitiu a liberdade do inverno tardio. 

Ana F. - escrito em 06 de Outubro de 2004 



Reencontrando velhos versos... contraditoriamente, atuais...

04:44, décimo quinto dia do primeiro mês de 2013.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Prosa na marmita...

Eu disse que não conseguia falar, que as palavras não saiam e então respondeu:
"... consegue sim, estou ouvindo você..."

(pausa)

Perguntei:
- E aí?! Quais são os planos para hoje?
- Conquistar o mundo... (pausa)
- (risos) ['queria ter essa audácia', pensei] ... Isso é bom! [Seria bom se eu tivesse essa coragem!]
- Já viu Pink e Cérebro?!... 

E o assunto continuou por mais alguns instantes... meu silêncio não permitiu que continuássemos...

Escrevi mais um pouco e continuei pensando naquilo que ouvi...  "conquistar o mundo"... posso estar enganada, mas não se referia ao mundo como um todo... e mesmo que se referisse mesmo ao mundo como um todo, a audácia era a mesma! Uma vontade implícita de ir além dos limites, coragem, vontade, necessidade de ter coragem.

"Conquistar o mundo"... um mundo interno... ao menos foi neste mundo interno que pensei... na imensidão que há dentro de cada um de nós... tão vasta, tão densa...

Que coisa! Não consigo formular um pensamento coeso, as ideias estão bagunçadas... viu?! Não se conquista nada quando se está assim, misturada (o) com a bagunça. Não se conquista nem o domínio de um texto enfadonho e patético como este! Não era para ser um texto patético e enfadonho, mas é assim que me sinto no momento...

Minha audácia caiu no meio do caminho, ficou perdida lá atrás...

"Conquistar o mundo", ele tem conquistado pequenas vitórias diárias há mais de um mês, percebo isso. E de certo modo, mesmo com toda a dificuldade, ele mostra que é possível...

Você está conquistando o mundo... continue! Continue... e eu já, já, o alcanço... eu acho... 


Assistirei "Alguém para dividir os sonhos" outra vez. 


12:02, décimo quarto dia do primeiro mês de 2013.

Pensamentos frios e escuros

Choveu durante a noite, e no caminho de volta pra casa observava o movimento dos carros, da chuva, o vermelho dos carros destoava das cores da noite. A velocidade estava num ritmo que fazia meus pensamentos irem mais devagar, frações de segundos de paz, era um bom momento para ficar em paz... chuva... vi o rio, o movimento da água estava forte, não teria como escapar do fundo e mais tarde voltaria à tona... pensamentos frios e escuros como a noite... o asfalto molhado brilhava de uma maneira um tanto sedutora, convidativo... pensamentos frios e escuros como a noite...
... Segunda-feira... mais um dia, e praticamente metade de um mês já se foi... foi para onde?! Para onde foram todos esses anos que tenho me arrastado por essa coisa que chamam de vida?!
Dia após dia... noites, e mais noites, chuva, frio, calor... e eu aqui sem saber onde ficar ou como ficar... uma sensação de não caber em lugar algum... eu não caibo, é uma sensação estranha, não sei se sinto que sou pequena ou que sou grande, só sei que não caibo, que não pertenço, que não encaixo...

Abro os olhos, olho ao redor, coisas empilhadas, roupas amontoadas... um ar cinza... bagunça... fecho os olhos e os abro mais uma vez, continua tudo imóvel... e eu penso: "mais um dia para que?" , ligo o computador, olho o e-mail, penso nas coisas que tenho para fazer (e preciso) no trabalho, não quero ir ao trabalho.

Ouço uma música, ouço outra, e depois mais uma, mensagens, uma ligação, um pouco de afeto... os livros empilhados, palavras fechadas, palavras enclausuradas...

Quero escrever e não consigo, quero falar mas as palavras não saem. Elas ficam agarradas na minha mente como lodo que prolifera numa superfície úmida... pensamentos que me dão calafrios, vontades que tiram o desejo de respirar...
Eu não caibo aqui, não sei se sou pequena ou grande demais... mas não pertenço ao lugar onde estou. E não quero estar aqui... as palavras não querem sair da minha mente.

10:37, décimo quarto dia do primeiro mês de 2013. 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Quando não se quer estar só...

Ontem, terça-feira, foi um dia difícil. Agora não está diferente. O sentimento de estar só é tão grande, tão intenso, que chega a causar vertigem...

Sufoca, angustia, dói... e o que eu faço com isso? Coloco dentro de uma marmita e tampo?! Não cabe numa marmita. Os pensamentos são tão ruins... tão dolorosos... e com quem falar quando quer falar mas as palavras não saem? Quem quererá ouvi-las?

... 

É tão ruim sentir-se assim, é devastador. Admito que aceitar essa doença não é para qualquer um, eu não consigo aceitá-la. E eu não sei como fazer para enfrentar. O cansaço é tão grande, tão grande, é absurdo, e é de uma imbecilidade tamanha querer que entenda isso, você não entende.

"Trabalhe, Ana, trabalhe, foque no trabalho..."
"Tem que sair para divertir, tem que distrair a mente..."
"Isso é falta do que fazer..."
... e tantas outras pérolas que no momento não vem à memória. 


Estar rodeada por pessoas e mesmo assim sentir-se só...

Quando estava a caminho do consultório do psiquiatra fiquei pensando "não queria estar sozinha agora", então eu percebi que era mais um momento de estar só... mesmo não querendo estar...  


... 



Keep Talking - Pink Floyd

02:08, nono dia do primeiro mês de 2013.




 

sábado, 5 de janeiro de 2013

Poema Branco


Branco Branca

O branco chão aproxima do teto branco
A parede branca aproxima da branca porta
Meus pés ao caírem abrem os braços e rodam
E tudo branco pára.
Branco tudo pára como meus olhos congelados
Não quero ouvir tua voz
Não quero ouvir teus passos
Afaste-se, deixe-me
Branco tudo se apaga.
É como se a morte brincasse comigo
Hoje branca ela veio e teu nome não ocultou: MORTE!
Consciência tenho de que todas as noites coloca-se a velar meus belos pesadelos brancos.
É como se a morte brincasse, seriamente, com meus belos pesadelos brancos.
Minhas asas não permitem ficar aqui.
07/01/2.005


Apesar de ter sido escrito há oito anos, esses versos não estão amarelados... ainda continuam brancos e a doer os olhos quando os leio. 

02:58, quinto dia do primeiro mês de 2013