Sábado, quase final da manhã, céu azul, nuvens brancas e rechonchudas, sol escancaradamente sem vergonha, novembro. Na playlist está tocando Pearl Jam [neste momento Even Flow]... o ritmo acelerado da música conecta com minha mente, contudo, de forma contraditória... a mente não está em um momento de fluxo contínuo, ela está em círculos, rodando sem rumo e voltando ao mesmo lugar.
[Sirens] sirenes, sinal de alerta, uma emergência, um socorro, uma fuga, fogo, perigo, uma queda, outras possibilidades, lembranças de uma tarde de fevereiro que também estava com céu azul, nuvens brancas e rechonchudas, sol escancaradamente sem vergonha, porém, com um cheiro doce no ar.
[I am mine] o silêncio que gritava dentro da mente em círculos ensurdecia os olhos pálidos, perdia-se ali naquela tarde o oxigênio que queimava dentro do corpo enrijecido. Os laços foram rompidos abruptamente. Eu não pertencia àquele instante.
[Whislist] O que poderia desejar? Abra os olhos, volte, fale comigo, acorde! Respire! Sorria! Respire! Vamos, respire! Olhe para mim! Está tudo bem! Era eu quem deveria estar do outro lado, era eu quem deveria não ter mais o oxigênio que soprava nas veias quentes. Era eu quem deveria estar imóvel! Volte! Respire! Olha para mim! Quero seu sorriso, suas histórias.
[I believe in miracles*] Milagre?! Não foi permitido. Silêncio gritando dentro da mente em círculos ensurdecendo os olhos pálidos.
[Just Breathe] "fique comigo, apenas respire"... o ar foi embora... não consegui segurar entre os meus dedos, parecia a areia fina de uma praia deserta; uma duna traiçoeira fazendo com que caísse sob o sol escancaradamente sem vergonha... milhões de grãos quase cristalinos desmoronando e transformando em nova paisagem, pés afundando, pés flutuando, pés correndo, pés imóveis como o ar frio naquele instante doce e quente.
*Cover Ramones
12:45, décimo segundo dia do décimo primeiro mês de 2.022.
