Essa guerra interna a devastava de todos os modos. Perdera a compostura. Queria anestesiar e silenciar o que a incomodava, mas não encontrava uma maneira menos abrupta, impactante.
Desejou estar nas "terras vazias". Ali, talvez, expurgasse todos os pecados cometidos antes mesmo de ter consciência de que estava pecando.
Se limitasse ao seu pequeno e insignificante mundo, é provável que passaria como uma pedra sem serventia caída no chão. Essa ideia parece tentadora diante de tamanho caos.
09:57, vigésimo sexto dia do nono mês de 2019
Marmita Cotidiana, a marmita da Ana, comida, observações, reflexões, sarcasmos e alguns devaneios. Será que cabe isso tudo?! Se fechar, a tampa vai suar!
quinta-feira, 26 de setembro de 2019
Parte 1 - Einaudi e a chuva
Enquanto a chuva caía no constante ritmo do Einaudi ao piano, os pensamentos freneticamente debatiam uns com os outros. A mente atormentada não conseguia delimitar os territórios da ingenuidade e da ignorância. Como não aprendera nada com o distante passado infante? Como pudera deixar -se cair naquele emaranhado de mentiras?
O ego, a vaidade, pedaços de orgulho, a mera ilusão de que era importante. A melancolia dos dias vestia-se de uma soberba altruísta sem perceber que seria lentamente engolida pelas areias desérticas das "terras vazias".
O confronto de si e suas partes fazia urrar o mais escondido sentimento. Despia-se ali como se faz a prostituta diante do seu cafetão. Era nítido, como a teia da aranha mais paciente, que fio a fio era tecido nos elogios farjutos. E cada vez mais atraente, a presa sentia uma segurança cega.
Nota: Ludovico Einaudi - The Earth Prelude
01:29, vigésimo sexto dia do nono mês de 2019
O ego, a vaidade, pedaços de orgulho, a mera ilusão de que era importante. A melancolia dos dias vestia-se de uma soberba altruísta sem perceber que seria lentamente engolida pelas areias desérticas das "terras vazias".
O confronto de si e suas partes fazia urrar o mais escondido sentimento. Despia-se ali como se faz a prostituta diante do seu cafetão. Era nítido, como a teia da aranha mais paciente, que fio a fio era tecido nos elogios farjutos. E cada vez mais atraente, a presa sentia uma segurança cega.
Nota: Ludovico Einaudi - The Earth Prelude
01:29, vigésimo sexto dia do nono mês de 2019
domingo, 22 de setembro de 2019
Domingos
Há um tempo gostava das manhãs de domingo. O céu parecia mais azul, as nuvens brancas ficavam espaçadas como se utilizassem enormes pincéis para tal.
Um vento discretamente suave deixava tudo mais calmo. Pessoas serenas. Uma pausa na semana agitada.
Almoço na casa da vó, frango de molho, milho verde, feijão refogado com alho e caldim mais grosso [um sabor característico do almoço na casa da vovó], arroz soltim com rapa amarelinha e crocante, macarronada com azeitonas e queijo ralado por cima, salada de tomatim azedo e cheiro verde, suco de laranja ou limão China.
Aquele falatório, aquela comilança e depois os doces... Ah! Os doces! Goiaba, ou casca de laranja ou mamão ou tudo ao mesmo tempo, vez em quando um doce de banana bem vermelhim. E aquele queijo?! Claro, queijo ou requeijão morenim... delícias de domingos na casa da vovó!
Os cochilos entre as conversas de barriga cheia, pássaros cantando no quintal, calor da tarde e as nuvens já se amontoado mais brancas como enormes tufos de algodão.
Pão de queijo ou biscoito frito, café quente na Duralex marron caramelo, chá de canela ou alfavaca. Risadas em torno da mesa, mais uma garrafa de café, visitas inesperadas no portão... E o domingo de comilança na casa da vovó, quantos cheiros e sabores. Saudades, lágrimas, alegria por poder lembrar, vovó de canto no portão, vovó na horta mostrando qual planta era qual. Cada uma tinha uma história, uma serventia.
Vovó fechou os olhos, os domingos também.
15:20, vigésimo segundo dia do nono mês de 2019.
Um vento discretamente suave deixava tudo mais calmo. Pessoas serenas. Uma pausa na semana agitada.
Almoço na casa da vó, frango de molho, milho verde, feijão refogado com alho e caldim mais grosso [um sabor característico do almoço na casa da vovó], arroz soltim com rapa amarelinha e crocante, macarronada com azeitonas e queijo ralado por cima, salada de tomatim azedo e cheiro verde, suco de laranja ou limão China.
Aquele falatório, aquela comilança e depois os doces... Ah! Os doces! Goiaba, ou casca de laranja ou mamão ou tudo ao mesmo tempo, vez em quando um doce de banana bem vermelhim. E aquele queijo?! Claro, queijo ou requeijão morenim... delícias de domingos na casa da vovó!
Os cochilos entre as conversas de barriga cheia, pássaros cantando no quintal, calor da tarde e as nuvens já se amontoado mais brancas como enormes tufos de algodão.
Pão de queijo ou biscoito frito, café quente na Duralex marron caramelo, chá de canela ou alfavaca. Risadas em torno da mesa, mais uma garrafa de café, visitas inesperadas no portão... E o domingo de comilança na casa da vovó, quantos cheiros e sabores. Saudades, lágrimas, alegria por poder lembrar, vovó de canto no portão, vovó na horta mostrando qual planta era qual. Cada uma tinha uma história, uma serventia.
Vovó fechou os olhos, os domingos também.
15:20, vigésimo segundo dia do nono mês de 2019.
domingo, 15 de setembro de 2019
Sentimentos
Dor que grita em cortes superficiais
Silêncio que grita em palavras escritas
Vazio que grita em corações marginais
[Corações marginais! Gritam os hipócritas]
Gritos, dor, silêncio, vazio, sentidos não sentidos
Sentidos negligenciados
Sentidos escuros
Sentidos doloridos
Sentidos abafados
Sentidos obscuros
Sentidos perdidos
Desertos vazios de calor, de areia
Desertos sem paz, desertos vazios,
Quem somos?
O que sentimos?
Palavras vazias
Lugares cheios
Dor que grita em cortes profundos
Dor que sufoca a fumaça densa
Dor que anestesia sentidos não sentidos
Dor que mascara
Dor que engana
Dor não ouvida
Dor não sentida
Querem ver a dor?
Não querem!
Por que?
Porque é doída, porque causa enjoos,
Rasga sua pele
Sangra seus olhos
Choro sentido sufocado
Dor sentida sufocada
Grito sentido sufocado
Perda de consciência
Negligência
Sobrevivência
Experiência
Rasga minha pele
Sangra meus olhos
Sufoca minha mente
Silêncio sentindo
Grito mudo
Silêncio gritante
Neblina
Olho fechado
Objetivo alcançado
Descanse em paz, Eva!
Dedicado para Eva que lutava todos os dias [praticamente sozinha] sem ser compreendida em sua totalidade.
Transtornos mentais existem e doem mais do que um pé quebrado ou uma cólica.
Transtornos mentais não são falta de Deus, Deus ou deuses.
Transtornos mentais matam silenciosamente todos os dias quem não é ouvido, quem não é sentindo, quem não é atendido, quem não é respeitado por sentir uma dor que não é física.
12:59, décimo quinto dia do nono mês de 2019.
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