domingo, 19 de novembro de 2017

Poesia à beira da morte?!

Interessante questionamento naquele instante
porque poesia é isso, é o agora
o agora que fica no passado traçado por tinta ou grafite
poesia é a tentativa de capturar o futuro no presente
no infinito dos teus pensamentos 
te enxergas ausente de sentimentos?
Vira mais um gole quente
pela garganta desce rente
o instinto de assombros aparente

te enxergas presente de encantamentos?
Prosa madura descontente
ausência de plenitude 
Versos rasos na busca de rima indecente

A poesia está nas entrelinhas
E se a morte a espreita
Ela, sagaz que só, se deleita
num emaranhado de letras e linhas

... Ana F.

01:01, décimo nono dia do décimo primeiro mês de 2017

Palavra franca escrita...

Boa noite! Meu nome é Ana... hoje pela manhã um amigo enviou uma mensagem dizendo que tinha tomado uma atitude, disse o que era... e eu sorri ao ler. Fiquei contente pelo que lera. Queria que ele visse meu sorriso e queria dar um abraço nele como em muitas ocasiões eu quis... por hora este abraço só chega até ele em pensamento [o engraçado é que ele não gosta de abraço]... 

Conversamos há pouco mais de dois anos, já rimos, já brigamos, ele já me ouvir chorar muitas vezes, já estressamos muito um com o outro. Talvez eu mais, mais por eu ser impulsiva, desbocada em alguns momentos. Se fui incompreensiva e até mesmo dura em alguns momentos, acredito que eu tenha merecido também certa rudeza. Afinal, já diz o ditado "quem fala o que quer, escuta o que não quer!"...

E hoje ao voltar para casa, agora durante a noite, senti vontade de vir aqui expressar algumas coisas a seu respeito, a meu respeito também. 

Temos algumas coisas em comum, a primeira delas: somos cabeças duras, para não dizer outra coisa. Temos também essa dependência que nos aprisiona constantemente, mesmo quando não queremos... e, principalmente, temos uma vontade que não nos deixar desistir. Em dois anos acompanhei sua vontade de melhorar, suas tentativas. E eu quis fazer mais do que ouvir. Infelizmente, não fui capaz. Então, do jeito que dá, vou te ouvindo, te lendo, e acima de tudo [depois de muito discutirmos] respeitando suas decisões e ações. 

Já passei por situação semelhante anteriormente, contudo era diferente porque tinha um sentimento a mais envolvido. Mas o sentimento de impotência diante de determinado acontecimento é o mesmo. Ao longo desse tempo, na experiência passada e agora contigo, tenho aprendido a respeitar a vontade alheia. Principalmente agora, tenho aceitado mais que há um certo espaço entre sua ação/reação e o meu querer. E é preciso respeitar isso. 

Se olhar bem para si, vai enxergar as mesmas coisas boas que vejo em você mesmo sem estarmos frente a frente. Eu acredito na sua melhora. Sabe por que? Porque veio falar comigo... porque não desistiu! Porque eu sei que [do seu jeito], você está seguindo em frente, com as forças e recursos que tem. Isso é o que importa! Isso é o que vale a pena! Ouvi em uma palestra certa vez que "as pessoas não fracassam, as pessoas desistem!"... E tudo o que o você tem feito ao longo desses dois anos, para mim, não significa desistência. Prova disso foi a mensagem pela manhã que recebi! 

Tenho um imenso carinho por você. Espero que em breve possamos tomar aquele sorvete juntos e rirmos das nossas desavenças madrugada a dentro... Quero ver você bem, dando a volta por cima de todas essas coisas ruins!

Amigos não são apenas para falarem coisas bonitinhas, agradáveis... amigos são para revirar-nos de cabeça para baixo e do avesso... amigos são para nos fazer enxergar nosso pior lado... amigos são, simplesmente, amigos! Irmãos sem laços de DNA. Um empurrão de ombro... paro por aqui para não começar a derreter feito manteiga!! 



00:44, décimo nono dia do décimo primeiro mês de 2017

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Ela...

Sono tumultuado, acordou suando. Perdera a noção de onde estivera, mas como se ainda continuasse presa ao sonho. Era como um sonho dentro do sonho. Talvez impressionada com Borboleta Negra [título em português].

O estômago ruim fez com que despejasse todo o jantar no vaso sanitário. Olhou horrorizada, e ainda com vômitos, para toda aquela "coisa". Sentiu que todo o universo tinha saído de dentro do corpo. Tonteou. E após uma crise de tosse, ligou o chuveiro. Deixou que a água fria molhasse da cabeça aos pés, sem se importar que ainda estava vestida. Ficou por alguns minutos. Procurou concentrar no barulho da água caindo sobre o corpo. Despiu-se sem pressa.

Saiu do banho quase uma hora depois. Sentou na cama, apenas com a toalha envolta no corpo. Quis deixar o corpo cair, mas sabia que teriam consequências. Manteve a postura de ombros caído. Precisava de um plano de recuperação. Um telefonema? Para que? Pensou em ligar para ela mesma. Falar consigo poderia ser uma forma de entender o que se passara até ali.

Insanidades sãs.

01:42, décimo sexto dia do décimo primeiro mês de 2017.


domingo, 12 de novembro de 2017

Uma visita...

Vai chegando um tempo na vida que ou vamos nos sentindo mais receptivos ou nos condicionamos a um certo isolamento...

Já quase completando quatro décadas, fico cada dia mais antissocial. Não recebo visitas em casa, e pra terem noção do quanto isso é sério, tenho aqui apenas uma cadeira... [risos, é tenso! Eu sei!!]... o pior de tudo [penso!] é que eu ainda comento isso com as pessoas... elas sabem da minha aversão a receber visitas em casa, sejam familiares, amigos ou até mesmo agentes do centro de zoonoses [sabe aquele pessoal que passa nas nossas casas para nos inspecionar e ver se temos ou não fazendas de aedes eagypti ?]. Independente de quem seja, pessoas chegam no máximo ali no portão. Desde 2014, posso contar nos dedos das mãos quantas pessoas recebi em casa, exceto os dias das mudanças de casa [foram duas]. 

Enfim, eis que chego do trabalho, deparo-me com uma cidadã no portão de casa! Falo "uai!" E ela vem toda serelepe para o meu lado, sinto aquele carinho todo como um abraço de boas vindas - do jeitim dela, claro -  e um "deixa eu ficar, deixa?!"... Entramos em casa, fico feliz, solto um sorriso de orelha a orelha quando a vi me acompanhando também feliz! Ofereço água e pão de queijo que tinha na bolsa! [como boa mineira que sou, carrego pão de queijo na bolsa!] Viu?! Sou uma boa anfitriã! Nem tiro a roupa de trabalho, começamos a conversar, enquanto preparar um lanchim pra nós. 

Ela, toda tranquila, se sentindo em casa, olha tudo, vai em todos os cômodos, inclusive até na minúscula área de serviço! Visita meu projeto de biblioteca, toca em alguns livros perto da cabeceira da cama, continuamos a conversar e a trocar carícias... [huuum]... isso é interessante! Ela está bastante a vontade. Isso me deixa tranquila e um pouco ansiosa, "será que vai ficar? Você quer ficar mesmo? Se for embora ficarei triste... ", claro! Esses e outros pensamentos ainda estão na minha mente. "Não estava preparada para te receber... você precisa de um banho... se ficar, amanhã preciso de mais comida, e de providenciar material para sua higiene e banho" - é uma desgraça a forma como a ansiedade anda me cercando e dominando meus pensamentos, já penso até no fato de não estar preparada para recebê-la... e não estou mesmo... Mal paro em casa, a casa ainda está como se o Katrina tivesse passado aqui dentro. Lanchamos, conversamos mais um pouquinho, e ela está toda dengosa.  Decidi que escreveria aqui, e cá estamos. Eu redigindo e ela me observando - entre um cochilo e outro.

Bem que eu falei para um senhor hoje mais cedo, "deixa chover, quando chove acontecem coisas boas comigo"... além de querer-me isolar em casa, estou muito supersticiosa assim como a vovó. 

Mês de novembro é um mês interessante agora, a meu ver, mês em que comecei a Marmita, mês de aniversário de amigos, primos e sobrinho... e agora a chegada dela! Interessante! Geralmente esperamos visitas. Hoje ela que me esperava! 

Então, depois do choque de ser uma analfabeta digital na semana passada, ver meu "mundinho" profissional de cabeça pra baixo dentro de um furacão, esta visita foi a melhor coisa dentro dessas duas últimas semanas! Claro, além de eu reabrir a Marmita!

Ao ler o Walter, em Marketing e Comunicação na Era Pós-digital, fiquei um tanto mais preocupada com o quanto estou atrasada... e o quanto sou uma resistente a esta nova Era... 
"E-r-a", pretérito imperfeito, um determinado período de tempo, presente ou passado...Nesta era eu era uma analfabeta digitalmente falando, mas ainda nesta era começo a ser re-alfabetizada em uma nova linguagem... eu era uma pessoa um tanto quanto resistente à certas mudanças. Mas a tecnologia está em tudo, e em todos, como se fosse, uma pedaço da nossa pele. E é isso que tenho procurado assimilar nos últimos seis dias... 

...bem, voltando ao motivo principal do texto, esta visita me trouxe sorrisos e paz que há muito não sentia! E ela e o Walter de certo modo são responsáveis por este texto. Ela por me fazer aceitar [e receber] visitas inesperadas. Ele por me abrir os olhos para a importância de enxergar que mundo digital está muito além de meras redes sociais, estar e ser digital é ir muito além blogar, "feicibucar" ou "instangrear"... 

Iracema... lembrei da Lygia Fagundes...
"Os gatos

Ele fixaria em Deus aquele olhar de esmeralda diluída, uma leve poeira de ouro no fundo. E não obedeceria porque gato não obedece. Às vezes, quando a ordem coincide com sua vontade, ele atende mas sem a instintiva humildade do cachorro, o gato não é humilde, traz viva a memória da liberdade sem coleira. Despreza o poder porque despreza a servidão. Nem servo de Deus. Nem servo do Diabo.

Mas espera, já estou me precipitando, eu pensava naquela fábula da infância: é que Deus Nosso Senhor pediu água ao cachorro que lavou lindamente o copo e com sorrisos e mesuras foi levá-lo ao Senhor. Pedido igual foi feito ao gato e o que fez o gato? O fingido escolheu um copo todo rachado, fez pipi dentro e dando gargalhadas entregou o copo nojento na mão divina. 

Acreditei na fábula, na infância a gente só acredita. Mais tarde, conhecendo melhor o gato, descobri que ele jamais teria esse comportamento, questão de feitio. De caráter. Ele ouviria a ordem e continuaria deitado na almofada, olhando. Quando se cansasse de olhar, recolheria as patas como o chinês antigo recolhia as mãos nas mangas do quimono. E mergulharia no sono sem sonhos, gato sonha menos do que cachorro que até dormindo se parece com o homem. Outro ponto discutível: dando gargalhadas?

Mas o gato não dá gargalhada, só cachorro. Meus cachorros riam demais abanando o rabo, que é o jeito natural que eles têm de manifestar alegria, chegavam mesmo a rolar de rir, a boca arreganhada até o último dente. O gato apenas sorri no ligeiro movimento de baixar as orelhas e apertar um pouco os olhos, como se os ferisse a luz. Esse o sorriso do gato - ô bicho sutil! Indecifrável. Inatingível.

Nem pior nem melhor do que o cachorro, mas diferente. Fingido? Não, ele nem se dá ao trabalho de fingir. Preguiçoso, isso sim. Caviloso. Essa palavra saiu da moda mas deveria ser reconduzida, não existe melhor definição para a alma do felino. Olham. Cavilosidade sugere esconderijo, cave - aquele recôncavo onde o vinho envelhece. Na cave o gato se esconde, ele sabe do perigo. Mas o cachorro se expõe, inocente. [...] 

Se você continua a leitura ainda, já deve ter percebido que recebi a visita de um felino, precisamente uma gata em preto e branco. Ela ainda está por aqui, comecei o texto por volta das 23:30 do décimo primeiro dia do décimo primeiro mês, e já estamos no décimo segundo dia, neste meio tempo, ela dormiu no tapete, correu atrás de formiga, pousou para fotos,... enfim, hospedou-se aqui! Veremos até quando! Se depender de mim ficará até ela não querer mais. Espero que ela queira muito ficar!

LONGO, Walter. Marketing e Comunicação - A era pós-digital - as regras mudaram.
TELLES, Lygia F. A disciplina do amor. São Paulo, Nova Fronteira. 1.980, p. 9-10. 

00:55, décimo segundo dia do décimo primeiro mês de 2017.

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Ligando o fogo...

... para aquecer nossa Marmita, cá estou!!! 

Voltando com novidades nesta manhã nublada em terras mineiras. 

Ligar o fogo, limpar e organizar o espaço, trazer boas novas! 

Já marinou tempo suficiente, agora é hora de seguir com a receita!!! 

11:10, Décimo dia do décimo primeiro mês de 2017