sexta-feira, 20 de abril de 2018

Considerações...

Minha empolgação para escrever o post anterior surgiu após conversar com minha amiga. Aquela conversa fez com que eu olhasse para um lado bom da minha vida. [sem alusão ao livro / filme]

Há alguns meses as crises da depressão voltaram a ficar constantes nos meus dias. E esta doença é algo que muitos evitam falar. Eu mesma evito! Tenho amigos e amigas com os quais posso falar sobre isso, mas não me sinto tão confortável para tal. É por isso que as vezes vou à terapia. Bem, faz uns dias já que não vou. A psicóloga é brava! [risos] ... Eu gosto dela, ela é franca! E tem um abraço bom também! 

Pois é, talvez algumas pessoas que leem a Marmita não sabem, tenho depressão diagnosticada há muitos anos. Uma amiga do colegial foi a primeira pessoa a me levar à terapia, literalmente! Se hoje estou aqui escrevendo este texto, devo à ela tal façanha! 

Entre altos e baixos, por incrível que pareça [e contrariando parte da minha insanidade] ainda estou viva! [ao mesmo tempo em que a situação é caótica, posso fazer alguns comentários que soam como sarcasmo ou ironia ou até mesmo outra figura de linguagem - no momento, a palavra fugiu da minha mente]

Sabe, em tempos de corrupção explícita, ouso dizer que a depressão também é malditamente corrupta!!! Ela nos corrompe de tal forma que quando percebemos estamos lá, chafurdando na lama até o último fio de cabelo, ficamos "na encolha", cuidando para não sermos "pegos" nas nossas próprias armadilhas. Evitamos a todo custo ficarmos em evidência - afastamos de amigos, isolamos no nosso quarto, na nossa casa, deixamos o celular no silencioso ou desligado para não sermos descobertos na nossa tristeza sem razão aparente. 

Quais são nossas propinas? Entupimo-nos de comida e / ou bebidas; de seriados; filmes... e até mesmo do nada sobre uma cama quentinha e silenciosa. Nos envolvemos vergonhosamente com a "turma do amanhã e do depois "... "amanhã eu vou", "amanhã eu faço", "amanhã eu limpo", "amanhã lavo o cabelo", "amanhã eu caminho", " depois de amanhã vejo isso", "depois eu ligo", e por aí vai... o "amanhã" espalhado pela casa, nos cantinhos, engavetado...

E quando menos percebemos nosso julgamento fica escancarado para "deuseomundo" e nos rendemos ao vexame de estarmos doentes e, numa primeira instância, já condenados pela nossa fraqueza. 

Sabe o que é curioso nisso tudo? A depressão corrompe nossa mente de tal forma que racionalizamos sermos pessoas fracassadas por não conseguirmos seguir adiante com projetos, sonhos, e até mesmo coisas simples do dia a dia, como ir a um mercado ou farmácia ou telefonar para alguém. Mas, gente!! Francamente, nosso cérebro está deficiente... uma deficiência que resulta num estado corrupto, imoral, vergonhoso... e que não queremos que seja escancarado, não queremos ser alvos das pessoas, pessoas essas que podem não ser depressivamente corruptas como nós... 

... bem, são quase quatro da manhã, estou numa espécie de devaneio eufórico, ouvindo Pearl Jam no volume máximo do fone de ouvido, e eu preciso dormir para acordar mais cedo amanhã pelo menos antes das 11 da manhã [ou hoje para aqueles que consideram apenas o relógio e não são como eu que considero que "bom dia é bom dia até a hora em que almoço, seja 11 ou 15 horas", "boa tarde é boa tarde apenas após o almoço", "amanhã só é amanhã depois que eu durmo hoje e acordo amanhã", e por aí vai...]

Este post era para ser uma escrita mais leve, engraçada, mas eu acabei por corromper meu texto! 

Entendem agora por que a depressão é corrupta?

03:50, vigésimo dia do quarto mês de 2018.

Aos embalos de Paradise City...

Cá estou numa ansiedade excitante, após um banho frio. 
2018 - o ano do biscoito e da bolacha e dos reencontros e encontros...

Dia 18 deste mês recebi uma mensagem pelo "uátiz", nem acreditei quando li. "Oi Ana... Esse número ainda é seu, né. Espero que sim...", não sei descrever aqui o que senti quando abri a imagem do perfil de quem enviara a mensagem. Eu ri, meus olhos encheram de lágrimas, meu coração acelerou, senti vergonha, um filme rapidamente passou na minha mente... e respondi... uma amiga de praticamente 17 anos... e a conversa fluiu... 

O que me chamou a atenção foi que no dia anterior, 17, minha mãe e eu comentamos sobre essa amiga e outra também minha amiga, que já era amiga da minha amiga muito antes de sermos amigas...[entendeu?! é muita amizade!] Pois bem, em dois dias de conversa via "uátiz", essa minha amiga me fez voltar há quase duas décadas atrás. Graças a ela, aqui estou tirando mais uma vez a tampa da Marmita. Mas por que tamanha excitação?

Eu pude olhar lá atrás e olhar para mim, para as risadas que eu dava, para minha rebeldia discreta, para o ser estranho que eu era, mas que de certa forma não era repudiada, pelo contrário, eu era aceita por ser estranha, por ser careta. Eu andava com uma turma por quilômetros durante a madrugada e não tinha preguiça. Estava entre pessoas com bom gosto musical, eu descobria coisas e pessoas. Ía à festas de pessoas que eu nunca tinha visto na vida, eu tinha uma vida social e não sabia! Pasmem!! Gente!!! Eu tinha uma vida social no final do século XX e início do século XXI... [risos]

Este post é dedicado a todas as pessoas que passaram pela minha vida naquela primeira década de 2000. Este post é dedicado à Ana [sim, eu mesminha]... para que eu mantenha viva aquelas lembranças de que fazer uma "vaquinha" com uns trocados (literalmente trocados... R$3,50, R$5,00, e algumas moedas) durante o início da noite dava pra passar a noite inteira comendo e bebendo (naquela época, refrigerante) e rindo muito com amigos e colegas [e algumas vezes chorando também...]... Este post é dedicado a todas as pessoas que não desistiram das amizades, mesmo que se passasse mais de uma década sem se reencontrarem. 

Este post é dedicado às amizades do colegial, às amizades da turma do Umuarama, às amizades que se formaram através das amizades do colegial e da turma do Umuarama e que depois se ramificaram na turma do vôlei "de praia", do Sarau, nas amizades do "bate, rebate, finge que bate e sai voando feito uma borxboleta!" e do Picadão de gordura...

Este post é dedicado às amizades que ainda estão por se reencontrarem, aquelas amizades de ir até a esquina e ficar conversando por mais não sei quanto tempo depois de conversarem horas e horas. Este post é dedicado às amizades de brigadeiro de colher e de ouvir Engenheiros do Hawaii por horas [repetidas vezes] sem enjoar; amizades pipoca com muito molho picante e piruá; pão de queijo, caminhadas por longos quilômetros nas tardes de domingo. Este post é dedicado às amizades que nasceram ainda no século XX e, mesmo depois de quase duas décadas do século XXI, puderam se reencontrar. 

Este post é dedicado para todas minhas amigas e amigos que me abraçaram, que me acolheram, que sorriram e choraram comigo, que brigaram e depois fizeram as pazes comigo. Este post é dedicado às amizades que estão longe e que não se falam há anos. 

Expresso aqui minha gratidão, embora muitas vezes eu tenha parecido ingrata, egoísta entre outros adjetivos ruins. Eu sei que seguimos por caminhos diferentes e eu me afastei. Afastei fisicamente, porque mentalmente carrego comigo as lembranças de todos os dias e noites que estivemos juntas e juntos, no cinema, em barzim, boates, festas, casamentos, pizzarias, em casa com almoços e jantares pra lá de divertidos... lembro e ainda sinto o calor de cada abraço de chegada e despedida, as discussões, as risadas, os "balanços de vida" no final de cada ano, os aniversários, viagens e até mesmo carnavais - isso mesmo CAR-NA-VAIS!! Seja em Caldas perdida em bolhas de sabão ou perdida no litoral baiano... minhas amizades e eu, juntas em carnavais. [eu sei, até eu me espanto com isso!!]

Francamente, admito, o "uátiz" me trouxe um sorriso que eu há muito eu não tinha. Curioso que há alguns meses reencontrei outros amigos, [não pelo aplicativo, foi um encontro físico mesmo]. E, apesar da felicidade do reencontro, eu fiquei receosa, com vergonha do meu afastamento, mesmo que nossas piadas tenham continuado no mesmo "time" de antes, era como se tivesse sido ontem que nos vimos e não num espaço de 'anos luz'... abordei isso na terapia, a minha vergonha, a culpa de ter afastado a todos. Só que agora eu percebo, vocês estavam lá, permaneceram, e aqui estão ainda me fazendo sentir o que eu sentia há anos quando estava na companhia de vocês. Eu gostaria de citar cada pessoa a quem me refiro aqui, mas tive outra ideia. E em breve espero colocá-la em prática.

Receber a mensagem dessa minha amiga nesta semana, não foi nem mais nem menos importante do que o reencontro com outros amigos há alguns meses / semanas. Foi excelente da mesma forma!!! A única diferença foi que desta vez não senti vergonha, pelo contrário, eu disparei a falar sobre minha vida. E é assim que as amizades são... amizades felinas... amizades felínicas! Deve ser por isso que gosto tanto de gatos! 

02:15, vigésimo dia do quarto mês de 2018.

Aaaaahh é mesmo! Paradise City é a música que minha amiga estava cantando no vídeo que ela me enviou e eu pude rever pessoas queridas daquele início dos anos 2000... [e aí inspirei pra escrever este pequeno grande post]