sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

1302

Dois anos hoje... dois anos e praticamente duas horas e mais cinco minutos... 

- Dona Maria, está dormindo?
- (um assobio baixo)... Tô aqui, dormindo nada, tô mexendo aqui numas coisas... 

... desde o último dia do ano passado, a primeira vez que fui até o lugar em que colocaram você, todas as vezes eu quero falar, e falar, e falar, e falar, e falar mais um pouco, só que não sai nada... hoje, nem chorar eu consegui, quero contar tantas coisas, quero perguntar tantas coisas, quero ouvir suas histórias - aquelas que você me contava mais de uma vez... e todas as vezes eu tinha algo diferente para perguntar...quero ouvir você, quero abraçar, abraçar forte... mexer no seu cabelo, lembra? Você gostava quando eu fazia isso... sentir seu cheiro... mas eu não posso, né?! Eu não posso mais... sabe, sinto muita raiva de mim, você também deve sentir raiva de mim e eu te dou toda a razão e mais um pouco por isso... 

Aonde quer que você esteja... eu não sei se está em algum lugar ou se são apenas seus ossos que estão lá... não sei, francamente, no que acreditar ou o que imaginar... mas é fato que aqui, ou lá na sua casa, você não está...o que eu faço? O que eu faço? Ninguém aguenta mais ouvir minha história, e todas as vezes que quero falar, não consigo... 

Procuro seu sorriso na minha memória... e só me vem os seus olhos cerrados... procuro seu cheiro na minha memória e só vem um cheiro doce no ar, aquele cheiro doce daquele dia... será que estou esquecendo de você? Não! Eu não quero esquecer de você! Sinto saudade, e lembro de todas as vezes que eu não fui passar o final de semana contigo... sabe, eu quero continuar escrevendo, mas lembrei que tenho um compromisso daqui a alguns minutos... queria aquele café doce que só você sabia fazer, e aí enquanto você o fazia eu poderia ficar com minhas mãos sobre a mesa balançando o copo de água, e eu ficaria contando como foi o meu dia... eu ía te contar também do meu irmão, ainda continua molecão daquele jeito, mas tem me apoiado muito... eu estive com minha mãe hoje, almoçamos juntas... fiquei mais em silêncio, depois dormi no sofá como fazia lá na sua casa - a diferença é que na casa da minha mãe não tem um quintal cheio de pássaros cantarolantes... eu queria falar sobre você, mas acho que eles... ela e o restante da família não querem falar sobre você, isso dói... é estranho! Ou talvez seja minha falta de coragem... é... talvez seja minha falta de coragem mesmo... tenho que ir agora pois comecei a chorar, isso não é bom... sinto saudade... muita saudade... Vó, um abraço bem forte e um cafuné nos seus cabelos lindamente grisalhos... aonde quer que esteja... espero que esteja bem e em paz! 

18:25, décimo terceiro dia do segundo mês de 2015