sexta-feira, 14 de março de 2014

Ainda sobre o tempo...

Há um ano estava devastada com certas situações e, francamente, não tinha um momento em que não desejava cerrar os olhos. As coisas não tinham sentido, não tinham gosto nem cheiro. E o pensamento era "Pra quê continuar?"
Não sei como as pessoas lidam com a morte, não sei como lidam com as perdas, sejam materiais ou imateriais. O fato é que até hoje não sei como lidar. Aceitar?! Bem, aceitar não aceito! E talvez com essa postura eu esteja perdendo algo além do que já foi perdido... não tenho certeza. 

A incapacidade, a inércia, diante daquela situação trágica, ainda martela todos os dias. E por mais que pessoas digam o contrário, não concordo. 

Faz mais de um ano, um ano e 29 dias. E apesar do tempo, aqueles momentos, aquele dia, aquele jeito de segurar o prato no colo, aquela tarde, aquele olhar, a expressão ao sair da cama, o questionamento sobre eu estar bem, um breve devaneio, apesar do tempo, ainda estão vivos na memória como se tivessem acabado de acontecer. 

Assisti a filme uma vez que tinha uma fala assim "Hoje é um belo dia para morrer..." (tragicamente poético), mas aquele dia não era um "belo dia" para morrer... essa visão é estapafúrdia. O dia estava quente, o céu azul, carregado de nuvens brancas densas, não ventava, no ar pairava um cheiro adocicado, sim, um cheiro doce (estranho isso?! Sim! Eu também acho estranho!)... e então foi como se tudo parasse. A morte parece ser isso, tudo para. E tudo é silêncio, e aquela sensação de estar sem chão é nítida. E a paralisia mental e motora, o calor que se esvai, os olhos imóveis, cerrados, frios... e a culpa abraça com tanta força que falta ar... 

12:50, décimo quarto dia do terceiro mês de 2.014

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